Cirurgia do ligamento cruzado anterior
Entenda mais sobre a cirurgia do ligamento cruzado anterior (LCA).
O tratamento cirúrgico do ligamento cruzado pode ser realizado com diversas técnicas disponíveis, cada uma com suas vantagens e desvantagens e, de forma geral, todas as principais técnicas costumam dar bons resultados.
Para melhor compreendermos como funciona a cirurgia, vou enumerar alguns pontos:
O ligamento cruzado não possui uma boa cicatrização, então, não conseguimos repará-lo na maioria dos casos e é necessário uma reconstrução, ou seja, colocar um ligamento totalmente novo.
Enxertos
Para construir esse novo ligamento, precisamos de uma estrutura biológica que cumpra esse papel.
Essa nova estrutura é chamada de enxerto e podemos retirá-la de diversas estruturas no corpo humano para substituir o LCA.
As 2 principais estruturas que usamos para reconstrução do LCA são o tendão patelar e os tendões flexores (Grácil e Semitendíneo).
Cada enxerto possui vantagens e desvantagens, mas os dois possuem excelentes resultados e podem ser utilizados com segurança. A decisão entre qual enxerto utilizar deve ser tomada em conjunto com seu médico avaliando o caso como um todo.
Túneis e passagem do ligamento
Após entendermos que é preciso um enxerto para reconstruir o ligamento, precisamos entender como esse enxerto irá atravessar o joelho.
Para que o enxerto possa mimetizar o ligamento original, ele precisa sair de um osso para o outro exatamente nos pontos em que isso ocorre naturalmente.
Para que isso ocorra, precisamos realizar túneis ( furos nos ossos) dentro de cada osso (fêmur e tíbia) sendo que a boca de cada túnel sai exatamente onde o ligamento estava inserido.
Dessa forma, conseguimos passar o enxerto pelo túnel e passá-lo através da articulação exatamente como o ligamento fazia.
Materiais de fixação
Uma vez passado o enxerto através da articulação, precisamos garantir que ele tenha uma tensão adequada e que permaneça no mesmo lugar, ou seja, que ele fique fixo ao osso.
Para realizar isso, utilizamos de alguns métodos de fixação. Os dois principais métodos de fixação hoje em dia são os parafusos de interferência (que amassam o tendão junto ao osso, estabilizando-o) e os botões ( que funcionam como travas para que o ligamento não suba ou desça).
Importante frisar que a maioria do processo é feita através de câmeras e instrumentos que entram por pequenos furos dentro do joelho.
Essa técnica minimamente invasiva é chamada de artroscopia.
Reabilitação
Após a finalização do procedimento, começamos um período muito importante de reabilitação. Normalmente, o paciente vai pra casa no mesmo dia ou no dia depois com medicações para dor, curativo e, eventualmente, anticoagulantes. É importante reforçar que a reabilitação já começa no primeiro dia pós operatório.
Alguns cuidados são importantes inicialmente, como:
- Cuidados com curativo (evitar molhar ou sujar);
- Início precoce de fisioterapia para treino de marcha com muletas e carga parcial;
- Mobilização da patela para evitar rigidez;
- Isometria de quadríceps e ganho gradual de movimento.
Além disso, é preciso ter cuidado para não ficar com o joelho muito dobrado, pois depois pode ser difícil de ganhar a extensão (esticar o joelho).
Após os primeiros 15-30 dias, já devemos andar mais confortavelmente e iniciar um processo de fortalecimento até atividades mais intensas nos meses posteriores.
O ortopedista responsável pelo seu caso te acompanhará em todo o processo até sua total reabilitação!
Consulte as fontes da imagens aqui.
Dr. Diego Munhoz
Médico ortopedista especialista em cirurgia de joelho graduado pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP.
Acompanha com proximidade o quadro clínico do paciente e atua do diagnóstico a reabilitação!
- Graduado em medicina pela Universidade de São Paulo (USP);
- Residência em Ortopedia pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
- Especialização em cirurgia de Joelho pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
- Preceptor dos residentes de ortopedia durante o ano de 2018 no Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
- Preceptor dos alunos de medicina(internos) durante o ano de 2019 Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
- Habilitado em Cirurgia Robótica do Joelho;
- Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho;
- Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia;
- Atualmente, cursa doutorado pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP).