Tratamento sem cirurgia da luxação da patela
Já vimos que existem diversas alterações que propiciam a patela sair do lugar e que isso pode ocorrer de forma frequente e causar sérios desconfortos ao paciente.
Dito isso, ainda existe espaço para o tratamento sem cirurgia da luxação da patela?
A possibilidade de tratamento conservador irá depender de algumas características.
No contexto de luxação recidivante, tudo se trata de risco e retorno, ou seja, qual o risco de uma patela voltar a sair do lugar e qual o grau de sintomas do paciente.
Para tomarmos essa decisão iremos analisar algumas características:
Número de recidivas
Pacientes com diversas luxações possuem um risco aumentado de novas luxações e costumam precisar de abordagem cirúrgica para poder estabilizar adequadamente a patela. Pacientes que tiveram primo-luxação podem ser candidatos ao tratamento conservador.
Idade
Pacientes mais novos, em geral adolescentes na segunda década de vida, costumam ter mais chance de recorrência. De forma geral, quanto mais novo o paciente, maior a chance da patela voltar a sair do lugar.
Tipo de trauma
Pacientes com maior risco de luxação recidivante costumam ter deslocamento com traumas de energia mais baixa (por exemplo, ao girar, descer escadas, dançar). Pacientes que tiveram lesões isoladas de alta energia costumam ter menores riscos de luxação recidivante.
Grau e número de fatores de risco
Pacientes que possuam poucos fatores de risco e com alterações discretas podem ser candidatos ao tratamento conservador. Já pacientes que possuam, por exemplo, uma frouxidão muito grande, uma paleta muito alta, uma tróclea muito displásica ou um eixo da perna muito alterado, costumam precisar da estabilização cirúrgica de forma adequada.
Lesões associadas
Algumas lesões podem indicar mandatoriamente um tratamento cirúrgico. Fraturas osteocondrais e presença de corpos livres dentro do joelho após uma luxação são um exemplo de situação em que a cirurgia é fortemente indicada.
Grau de atividades esportivas
Alguns pacientes podem precisar de uma reabilitação mais rápida ou possuir uma tolerância menor à recidiva por participarem de esportes de alto rendimento. Esses pacientes podem ser candidatos a tratamento cirúrgico mesmo após o primeiro episódio de luxação, a depender dos fatores de risco encontrados.
Dessa forma, os pacientes que tiveram apenas uma luxação, possuem poucos fatores de risco, são atletas recreativos, e estão em idade mais avançada, o tratamento conservador pode ser realizado com maior taxa de sucesso.
Nesses casos, precisamos de uma reabilitação para melhora da dor, ganho de movimento, estímulo da musculatura e fortalecimento dos músculos responsáveis por estabilizar o joelho e a patela, ganho de equilíbrio e retorno gradual à atividade esportiva. Uma boa reabilitação fisioterápica é de suma importância nestes casos.
.
Dr. Diego Munhoz
Médico ortopedista especialista em cirurgia de joelho graduado pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP.
Acompanha com proximidade o quadro clínico do paciente e atua do diagnóstico a reabilitação!
- Graduado em medicina pela Universidade de São Paulo (USP);
- Residência em Ortopedia pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
- Especialização em cirurgia de Joelho pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
- Preceptor dos residentes de ortopedia durante o ano de 2018 no Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
- Preceptor dos alunos de medicina(internos) durante o ano de 2019 Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
- Habilitado em Cirurgia Robótica do Joelho;
- Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho;
- Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia;
- Atualmente, cursa doutorado pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP).